terça-feira, 5 de abril de 2011

Compaixão

O mel dos olhos da menina
Que me pedia um pão
Com recheio de amor.

Ali sentada no canto da rua,
Noite fria e chuvosa,
O mínimo era dar-lhe um cobertor
De esperança.

O biscoito doce que lhe fez sorriso
Matava a fome de ser vista e lembrada
No vazio de pessoas que não avistavam
Sua dor.
sua sede
era de viver em busca de um futuro
Sem desigualdade

Ela e seu irmão
Procurando um lar
Para recomeçar
a conquistar
sua própria sobrevivência

O que ela queria
Era apenas tomar um banho
E ter um ombro amigo
Para desabafar a dor
Que sentia por ter perdido sua mãe.

Vieram de Blumenau,Ssanta Catarina,
E perdidos,
Não sobrou nada
Nem suas roupas, nem seus sonhos,
Nem desejo de crescer.

De sua vida só sobrou a dignidade
E o medo de morar na rua
De uma cidade grande feito Curitiba.

Simone era seu nome.
Menina moça de 17 anos.
Disse-me com nó na garganta
Que Deus mee oferecesse em dobro

E de mim
Só restou
Perceber que
Deus era
Um gesto
Impulsionando
Que o bem
Acontecesse
Aos dois irmãos.

Me peguei chorando,
Chorando de alegria
De sentir uma força fraterna
chamada compaixão.